Olá R.,
Tenho imaginado e ensaiado
milhares de coisas para te falar a anos, desde que você se foi em momentos de
solidão ou de alegria me lembro de você e nas coisas que quero te dizer. Tantas
vezes quero te chamar de estúpido...como agora.
Outras tantas quero dizer que sou louca por você.
O fato é que a dias tento te
escrever e mesmo com tanta coisa para ser dita não consigo saber por onde
começar. Acho que o melhor começo é pelo dia em que te conheci.
Me lembro de te ver assim de
relance, do lado da sua mãe. Pensei “que
cara estranho”. Depois você se envolveu com as meninas do colégio. Sua cara
fazer isso, sempre muito receptivo a todos, e a todas. Naquele momento não faz
diferença para mim, só pensei “como pode um cara feio desse sequer olhar para
mim?” Mas tudo bem também porque na época ninguém olhava para mim além do mais
estava apaixonada pelo Tales. Pelo tales, como pode?
Foi um momento muito importante
para mim, aprendi muito com essa paixão até que o inesperado aconteceu. Depois
de um ano de te conhecer, um pouco mais próxima de você, mas sem qualquer tipo
de interesse tenho um sonho estranho contigo. Sonhava que você me pegava no
colo e me beijava. Bastou um sonho e pronto, estava apaixonada por você. Depois
disso temos amizades que se encarregaram do restante. Como os quinze anos são
tão especiais. Paixões fáceis, dores que passam no dia seguinte,
responsabilidades que ainda não bateram em nossas portas. Do sonho ao namoro
foram apenas alguns meses...fui muito feliz com você, fui apaixonada, fui
segura, até um dia achar que já não sentia mais o mesmo. Acho que de fato não
sentia. Terminou o namoro, me senti aliviada, achei que você também e fiquei
bem.
Alguns meses se passaram e eu não
sabia mais como fazer com os dias sem você. Quando descobri que sentia sua
falta te vi aos beijos com uma garota. Chorei. Me senti a mais fracassada de
todas as pessoas, depois passou. Te via, falava com você, sentia saudades, mas
não doía.
Depois de alguns anos me apaixono
por você....ou foi a paixão que nunca acabou que tinha voltado, não sei. Fui ao
cinema com você, mal conseguia respirar, só queria que o filme acabasse para
que eu pudesse ir embora daquele lugar e enfim respirar. Cheguei em casa e
chorei como nunca chorei antes, como doía sua falta, como era desesperador
pensar que eu não o teria. Doeu por muito tempo, outros rapazes apareceram e
também me fizeram sofrer, me fizeram esquecer de você.
Namorei, fui feliz, depois muito
infeliz e você aparece. Novamente. Mas eu estava tão envolvida na minha busca
por um namoro feliz que sua presença não mexeu comigo. O meu namoro acaba e o
seu começa. Passo anos tentado me enganar com devaneios, hoje vejo como foram engraçados, tentei fazer
desses devaneios paixões, mas não deu certo.
Um dia, no aniversário de um
amigo me reencontro com você. Com você e sua namorada. Como fiquei com ciúmes,
como podia uma outra pessoa te beijar? Eu sabia que muitas outras fizeram você
se apaixonar, mas nunca tinha visto você com nenhuma delas. Tentei ser madura,
não me importar, mas você assim de forma escondida me olhou, com aquele olhar
para saber se eu tinha me importado. Fingi que estava bem. Fui embora, não
podia ficar ali vendo tudo aquilo. E como você teve coragem de aparece aqui em
casa exibindo o seu troféu? Ainda penso nesse dia, como foi para você? Hoje
agradeço a Deus por não estar em casa naquele momento...foi uma noite horrível.
Desde esse dia nada mais seria igual.
Nunca soube exactamente se o que
eu senti foi de fato ciúmes ou se te ver com alguém em um momento em que eu
estava sozinha me causou inveja. Não sei. De qualquer forma fiquei durante dias
pensando no que de fato era tudo aquilo que estava sentindo e cheguei a
conclusão que independente do que fosse era um sentimento muito mesquinho,
afinal eu sempre quis o melhor para você, então como sentir ciúmes ou
inveja. Como me sentia pequena naquele
momento.
Depois de um tempo sem te ver
achei que tudo tinha voltado ao normal. Não voltou, pensava em você em alguns
momentos, mas sempre pensei que essas lembranças eram apenas nostalgia,
saudades de um tempo em que eu tinha certeza do que sentia e queria. Foram
ótimos momentos.
Me lembro de um dia que você veio
até minha casa, eu estava o dia todo sofrendo com uma gripe infernal, quando
você chegou (me lembro como se isso tivesse acontecido hoje) minha disposição
mudou completamente, me lembro de ter sentido tanta saudade de você aquele dia
que quando chegou me senti tão aliviada. Ficamos quase a tarde toda no sofá de
casa. Eram ótimas as tarde no sofá, principalmente quando não tinha ninguém por
perto, sabíamos aproveitar a sala. Foi nesse dia que tive vontade de falar pela
primeira de dizer que te amava. Me lembro que fiquei durante um tempo te
olhando e pensando se te dizia ou não.Acho que tinha alguém batendo bola na parede da sala, ou outra coisa, não
sei, mas aquele barulho me fez despertar e acabei apenas dizendo que gostava muito de você. Nos
beijamos e naquele momento sabia que estava sentindo o mesmo. Não fizemos nada
de diferente naquele dia, mas me recordo dele sempre, ficava pensando como
podia eu gostar tanto de você.
Foram todas essas lembranças que
me confundiam. Mas não te ver por tanto tempo me fazia esquecer dos motivos ou
razões que justificavam essas lembranças de você que sem mais nem menos
apareciam.
Tempo depois você me adicionou
numa dessas redes sócias. Vi suas fotos com sua namorada, como doeu, vi que
estava com muito ciúmes.
Nunca gostei de sentir nada
sequer parecido com ciúmes, é um sentimento de possessão, como se eu tivesse
qualquer direito sobre a outra pessoa, me faz sentir estranha, com raiva. Não
gosto. E sentir ciúmes por você é ainda pior, ainda mais naquela circunstância.
Que direito eu tinha?
Fiquei com raiva de mim mesma e
nos momentos de raiva sempre ajo com muita determinação. Decidi que não iria mais
olhar o seu perfil, que não iria mais pensar em você, que não sentiria nada
mais do que sinto por um amigo.
Sempre que as lembranças vinham
novamente sempre tentava associá-las a sentimentos
bons, mas sem expectativas. Consegui durante um tempo, até saber por ágüem, não
me lembro quem, que você tinha terminado o namoro.
Por um momento tudo voltou, quase
me permiti sentir feliz, mas me lembrei que certamente um de vocês estava sofrendo (fins de namoros
nunca são bons) e que nada mudaria minha condição de amiga. Consegui me manter
assim durante um bom tempo, sempre recebia notícias suas, que alguém encontrou
com você, que alguém te viu; tudo parecia me testar.
Um dia, quando eu já não esperava
mais qualquer tipo de aproximação sua, você liga. Estava atrasada, ai ao
casamento de uma amiga, pensei se atenderia sua ligação ou se inventaria uma
desculpa qualquer. Atendi, e não pude deixar de ficar feliz em te ouvir.
Durante toda a noite fiquei
pensando nessa ligação e no que eu deveria sentir. Depois de analisar tudo,
como de costume, achei que eu não deveria ter expectativas. Não me lembro se
nos falamos mais depois, lembro que fomos a um bar, com o pessoal de sempre, mas
nada aconteceu. Naquela noite tive certeza de que eu tinha feito certo em não
ter expectativas. Depois saímos mais uma vez, fomos dançar, achei que estava tudo normal entre
nós até você se aproximar, aproximar mais e nos beijarmos.
Sempre tive muito orgulho de ter
sido sua namorada, por ter passado por tudo isso e ainda sim saber ser sua amiga,
naquela noite questionei se conseguira passar por você mais uma vez e ser a
mesma velha amiga de antes.
Fiz o que eu sempre disse que
nunca faria: criei expectativas. Esperei você ligar, me procurar. Mas isso não
aconteceu. Como sempre, soube por alguém
que você tinha voltado a namorar. Mais uma vez tive que recomeçar tudo
novamente, fazer exercícios diários para te esquecer, para tentar sentir
qualquer coisa que não fosse te desejar. Acho que teve momentos que consegui.
A cada notícia que recebia de você
era uma sensação estranha de culpa, de querer que tudo voltasse ao normal. Na passagem
do ano novo fiz planos de não te querer mais, tinha encontrado um rapaz legal
que me fazia esquecer que te desejava, resolvi
que eu me permitiria deixar levar essa história com ele conforme ele
quisesse. Foi divertido por um tempo, mas não conseguia sentir nada que me
empolgasse de fato.
E mais uma vez você voltou
através das notícias que sempre teimavam em chegar, dessa vez a “novidade” já
não era tão nova: tinha terminado o namoro, mais uma vez. Não queria te ver. E acho
que você também não queria me procurar. Ficamos sem nos ver por um bom tempo,
soube mais uma vez que tinha reatado o namoro e finalmente nos encontramos. Foi
engraçado, estava falando de você no exato momento em que apareceu. Como me
assustei.
Te achei constrangido naquele
dia, falei pouco com você. Quando foi embora jogou aquele pato estúpido dentro
do meu carro. Pedi para a Jack ficar com ele, não queria um recordação do seu
namoro. Não me lembro o que fizemos, mas acabei ficando com o pato. De certa
forma foi bom, sempre que o olhava me lembrava da quão estúpida eu tinha sido
com relação a você. O ciúme continuou, mas comecei a achar graça
dele, deixei de me importar.
Te vi outra vez, foi bacana, te
devolvi o pato. Ganhei a noite por ter me livrado do “pato estúpido” (foi o
nome que dei a ele, coitado). Fui embora aquela noite com a sensação de que eu
conseguiria ser só sua amiga, mais uma vez.
Mais uma vez você termina o
namoro. Mais uma vez saio com você. Dessa vez uma viagem. No início me senti
desconfortável, você me parecia distante.
No banho (sempre penso muito no
banho), achei que sua distância era só uma maneira de você provar que éramos
amigos e mais nada. Senti por um segundo minha vaidade ferida, por que você não
se sentia mais interessado por mim? Cheguei a conclusão que aqueles dias com
você seria ótimo para eu provar para mim mesma que eu conseguiria ser sua amiga,
para não restar qualquer dúvida.
Me senti mais confortável depois
das minhas conclusões. Ridículo, eu sei. Mas você se aproximou, depois mais um
pouco e quando me vi estava te beijando. Mais uma vez te olhava e pensava que
eu teria que saber lidar com a situação.
Dormi com você, realizei um
desejo antigo...sempre quis saber como era passar uma noite ao seu lado, como
você dormia, como suspirava, como acordava. Fizemos mais do que dormi e eu gostei. Você
tem o dom de me convencer a fazer o contrário do que eu espero de mim e foi
assim.
No dia seguinte a todo o momento
me policiei para não criar qualquer expectativa. Consegui, fui embora
tranquila.
Acho que depois de relembrar tudo
isso, chego ao ponto de ser breve e dizer logo o que quero. Serei sempre sua
amiga. Não tenha dúvidas disso. Mas também sempre te amarei, com ou sem você
por perto, com ou sem namorada. Hoje vi que independente do que eu ou você faça
nada vai mudar o fato de que um dia nos gostamos, nos desejamos. Me apaixonar
por alguém sempre foi tão difícil, tão raro de acontecer que não posso negar
que você será sempre minha maior paixão. Não ficar com você não é tão fácil
como sempre desejei que fosse, no entanto deve ter percebido que nada foi mais
difícil durante todo esse tempo do que querer negar que eu possa ter me
apaixonado pela mesma pessoa duas vezes e sempre me sentir da mesma maneira
como me senti da primeira vez.
Por mim tudo bem agora, sei que
isso vai passar que vou continuar a ser sua amiga, que outras situações virão.
Tudo o que quero é que entenda que jamais deixaria colocar em risco o carinho
enorme que tenho por você por um desejo de te ter só para mim. Já me apaixonei
por você antes, mas hoje sei que não vou deixar jamais de te amar e que nossa
amizade será sempre diferente das demais. Não vou mais ficar preocupada em
querer ser com você a mesma que sou com os demais amigos, é impossível.
Não ache que sou indiferente a
você, ou que deixei de te amar, só faço o possível para levar a vida de forma
mais leve possível, para que nenhum de nós se sinta responsável pelo sentimento
do outro, não seja estúpido em pensar que você é responsável pelo que sinto.
Só desejo que sejamos felizes,
não importa com quem nem onde ou em que circunstância, só ser feliz!
Com o amor de sempre,
Gabí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário